O “sapato” do corte das taxas da Fed finalmente caiu, mas antes que o mercado tivesse tempo de festejar, já paira a sombra do aumento das taxas do iene. Para ser sincero, muita gente está focada no afrouxamento do dólar, mas não reparou na bomba-relógio que é o iene, pronta a explodir a qualquer momento.

Se olharmos para os livros de contas dos últimos vinte anos, os aumentos das taxas do iene nunca deram descanso. Na ronda de 2000, rebentou logo a bolha da internet; em 2007 foi ainda mais agressivo, pouco depois do aumento das taxas veio a crise do subprime, com o Nasdaq a cair pela metade. Atenção, nessa altura nem o BTC tinha nascido – se fosse agora... já sabes.

No ano passado, o Banco do Japão iniciou a terceira ronda de aumento das taxas e o Nasdaq caiu logo 15 pontos. O problema é que este ciclo ainda não acabou – se este mês anunciarem mesmo mais um aumento, a coisa complica-se. Vê agora como o conceito de IA está a ser mais especulado do que a internet na altura, a capitalização da Nvidia vale mais do que o PIB de vários pequenos países, e se esta bolha rebentar, até onde irá o efeito dominó?

O ponto-chave está nas operações de arbitragem com iene. Antes, as taxas do iene estavam praticamente a zero, o que levava capitais globais a pedir ienes emprestados para comprar ações americanas, especular em cripto, fazer alavancagem – qual é o tamanho deste jogo? Da ordem dos vários biliões de dólares. Agora, o aumento das taxas do iene significa que o custo do dinheiro emprestado sobe, o que obriga os grandes jogadores alavancados a fechar posições – primeiro vendem ações, depois chega a vez do mercado cripto. Moedas principais como o ETH ainda têm alguma liquidez, mas as altcoins podem cair pela metade num piscar de olhos.

Para ser sincero, este tipo de risco macro não se evita só a olhar para os gráficos. Aumento das taxas do iene + bolha da IA + restrição global de liquidez, a tripla pressão acumulada – agora é mesmo altura de ter cautela. Controla bem a exposição, nada de all-in, o mais importante é proteger o capital.