Os EUA por um lado promovem fortemente a IA e, por outro, especulam com as criptomoedas, mas continuam a apregoar a necessidade de proteger o emprego. Não é isto uma contradição? A IA e as criptomoedas não servem precisamente para "eliminar postos de trabalho"?
Na verdade, não é contraditório. Apenas muita gente confunde "desaparecimento de postos de trabalho" com "perder o emprego por completo".
A verdade é mais complexa. O que a IA elimina não são as profissões inteiras, mas sim tarefas específicas dentro dessas profissões. O relatório do FMI é bastante claro — a IA vai afetar muitos empregos, metade será substituída e a outra metade será reforçada. Atenção, será reforçada, não eliminada.
Então porque é que os EUA continuam a apostar tudo na IA?
Porque procuram um equilíbrio muito subtil: aumentar a produtividade, sem deixar cair os salários ou disparar a taxa de desemprego.
Por isso é que, nos documentos oficiais, se fala tanto em competitividade industrial e infraestruturas, como em educação, formação de competências e avaliação do mercado de trabalho — tudo no mesmo discurso. Não é conversa fiada, é deixar margem de manobra para as políticas futuras.
Os dados também são esclarecedores. O FMI estima que cerca de 40% dos empregos a nível mundial serão afetados pela IA, sobretudo em cargos "altamente qualificados" como design, copywriting, operações e engenharia. O impacto nos mercados emergentes e nos países de baixo rendimento será menor, 40% e 26% respetivamente. Mas os países desenvolvidos? Vão enfrentar o problema de frente.
E quanto ao chamado "reshoring industrial"? Os EUA de facto estão a trazer capacidade produtiva de volta, mas o que regressa são capitais e equipamentos, não necessariamente trabalhadores. Pode-se construir fábricas, mas não há garantia de haver pessoas suficientes. O resultado é que a automação e a robótica acabam por ser condições necessárias ao regresso da indústria — menos pessoas, custos controlados.
O ponto-chave é este: quando as políticas falam em "elevado emprego", referem-se na verdade a "não deixar a taxa de desemprego disparar a curto prazo". Atualmente, a taxa de desemprego nos EUA ronda os 4,4%, o que explica porque continuam a falar de IA enquanto vigiam de perto os dados do emprego.
Resumindo, é uma aposta entre a corrida tecnológica e a estabilidade social. Se ganharem, a produtividade dispara; se perderem, vem primeiro a onda de desemprego.
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PortfolioAlert
· 16h atrás
Os trabalhadores são apenas ferramentas de produtividade
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ChainWanderingPoet
· 16h atrás
A flor da tecnologia é o paradoxo.
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PrivacyMaximalist
· 16h atrás
A mudança tecnológica é uma verdadeira aposta.
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BuyHighSellLow
· 17h atrás
Só mesmo a Reserva Federal para manter a estabilidade
Alguma vez sentiste que há algo estranho aqui?
Os EUA por um lado promovem fortemente a IA e, por outro, especulam com as criptomoedas, mas continuam a apregoar a necessidade de proteger o emprego. Não é isto uma contradição? A IA e as criptomoedas não servem precisamente para "eliminar postos de trabalho"?
Na verdade, não é contraditório. Apenas muita gente confunde "desaparecimento de postos de trabalho" com "perder o emprego por completo".
A verdade é mais complexa. O que a IA elimina não são as profissões inteiras, mas sim tarefas específicas dentro dessas profissões. O relatório do FMI é bastante claro — a IA vai afetar muitos empregos, metade será substituída e a outra metade será reforçada. Atenção, será reforçada, não eliminada.
Então porque é que os EUA continuam a apostar tudo na IA?
Porque procuram um equilíbrio muito subtil: aumentar a produtividade, sem deixar cair os salários ou disparar a taxa de desemprego.
Por isso é que, nos documentos oficiais, se fala tanto em competitividade industrial e infraestruturas, como em educação, formação de competências e avaliação do mercado de trabalho — tudo no mesmo discurso. Não é conversa fiada, é deixar margem de manobra para as políticas futuras.
Os dados também são esclarecedores. O FMI estima que cerca de 40% dos empregos a nível mundial serão afetados pela IA, sobretudo em cargos "altamente qualificados" como design, copywriting, operações e engenharia. O impacto nos mercados emergentes e nos países de baixo rendimento será menor, 40% e 26% respetivamente. Mas os países desenvolvidos? Vão enfrentar o problema de frente.
E quanto ao chamado "reshoring industrial"? Os EUA de facto estão a trazer capacidade produtiva de volta, mas o que regressa são capitais e equipamentos, não necessariamente trabalhadores. Pode-se construir fábricas, mas não há garantia de haver pessoas suficientes. O resultado é que a automação e a robótica acabam por ser condições necessárias ao regresso da indústria — menos pessoas, custos controlados.
O ponto-chave é este: quando as políticas falam em "elevado emprego", referem-se na verdade a "não deixar a taxa de desemprego disparar a curto prazo". Atualmente, a taxa de desemprego nos EUA ronda os 4,4%, o que explica porque continuam a falar de IA enquanto vigiam de perto os dados do emprego.
Resumindo, é uma aposta entre a corrida tecnológica e a estabilidade social. Se ganharem, a produtividade dispara; se perderem, vem primeiro a onda de desemprego.